Educação Sentimental, li um anúncio no jornal





Eu não consigo parar de pensar em você, logo você existe! Mas o que dizer de um amor que nem o esquecimento apaga, pois o coração insiste em pulsar por algo que já não existe? Quando se pensa com o coração podemos dizer que o amor é verdadeiro?

O amor romântico sempre foi o grande objeto de desejo dos indivíduos do mundo ocidental. Por isso, não se admira o grande volume de clássicos da literatura destinados a este assunto. Todavia, os orientais ainda que mais espiritualizados, também não abriram mão do enredo.

Desde sempre o amor verdadeiro despreza as diferenças sociais, preconceitos de raça, o medo da morte, e nem mesmo a distância e o tempo conseguiram dizimar sentimento tão nobre.

Parafraseando Clarice Lispector, “o amor impede a morte”. E eu digo que a falta dele tem corroído as mentes dos mais desavisados. Há quem tente substituir um grande amor por outro menos nobre. Mas eu insisto no ditado, “amar só vale a pena se a alma não é pequena”, ou ainda, “antes só do que mal acompanhado”. Por quê? Porque não sente solidão quem carrega o coração de amor verdadeiro.

A literatura nos convence que o só o amor genuíno vence os obstáculos. A Dama não troca o Vagabundo, por ser vagabundo. O aristocrata Tancredi em o Il Gattopardo, de Lampedusa, se encanta pela burguesa Angelica ainda sendo o dote o pretexto que se tornou em amor verdadeiro.

No conto de fadas francês, A Bela e a Fera, observamos o amor vencer a estética do belo e o preconceito. O conto narra a história da filha de um mercador que é oferecida a uma fera em troca da rosa que seu pai havia retirado do jardim para dar a ela.

Na lenda medieval de Tristão e Isolda, ainda que dramático, enxergamos o amor vencer a tragédia. Após beberem uma poção mágica do amor, Isolda prometida a Marcos, apaixona-se por Tristão e ambos iniciam uma série de encontros e desencontros, de uma amor capaz de escandalizar e durar por toda a vida.

Em o Seminarista, romance de Rubem Fonseca, o amor vence os dogmas religiosos. A história narra o drama de Eugênio e Margarida que de amigos, apaixonam-se. O pai de Eugênio, entretanto, indiferente aos sentimentos do filho, obriga-o a ir para um seminário, mas ele reencontra sua paixão de infância durante a história.

No romance Um Dia, de David Nicholls, observamos o coração impulsionar a memória.  Dexter Mayhew e Emma Morley se conhecem em 1988. Ambos sabem que no dia seguinte, após a formatura na universidade, deverão trilhar caminhos diferentes. Mas, depois de apenas um dia juntos, não conseguem parar de pensar um no outro.

Os folhetins brasileiros também estão repletos de histórias de amor com final feliz. Em Mulheres Apaixonadas, obra de Manoel Carlos, a tímida Edwiges vence os obstáculos e se casa com o seu apaixonado Cládio. Em Caminho das Índias, de Glória Perez, obsevamos o amor “traçado na maternidade”, ou seja, verificamos a cultura milenar do casamento negociado entre “primos” vencer a paixão proibida da convivência forçada. Ou ainda em Explode Coração, obra da mesma autora, podemos observar a tecnologia rompendo distâncias e unindo casais apaixonados.

A conclusão que tiramos de tudo é que nem o mal resiste à força de um amor verdadeiro. Encontros casuais acontecem toda hora, mas o amor de paixão quando eleito pelo coração há de ser para sempre e só uma vez. Podem até falar mal, dizer que sou piegas, mas eu insisto na “educação sentimental”.


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