EDUCAÇÃO - SOBRE ÉTICA DA RESPONSABILIDADE

Ganância e ambição são coisas distintas?




São! No senso comum ganância tem um Q pejorativo e a ambição um Q positivo. Contudo, pode a ganância ser algo de positivo na vida de uma pessoa?

Surpreendentemente, talvez sim, porém para chegarmos a esta conclusão, primeiro vamos entender a diferença entre os dois termos: ganância e ambição.

É um hábito que nem todos têm, mas para compreender o sentido de uma palavra precisamos recorrer ao dicionário. Todavia, apenas isso não será suficiente, para ter a real concepção da palavra precisamos contextualiza-la, por um só motivo: sinônimos podem ter inúmeras acepções. Portanto, vamos lá:

Do dicionário Aulete:


A- Ambição:

1. Desejo intenso de obter riquezas, poder, fama etc.: Sua ambição incentivava-o na carreira.
2. Desejo, intenção de alcançar um objetivo; ASPIRAÇÃO: Minha ambição é ser um ator renomado.


B- Ganância:

1. Ambição desenfreada de ficar rico, de obter lucros, legal ou ilegalmente; AMBIÇÃO; COBIÇA; CUPIDEZ: "...recebe em prêmio da sua próspera ganância todas as honras e todas as considerações..." (Aluísio de Azevedo, Livro de uma sogra))
2. Ganho ilícito.


Dito isto, o que a ganância tem de positivo? Veja bem:

Fulano de Tal tem ambição desenfreada de ficar rico, de obter lucros, legal ou ilegalmente, todavia seus recursos são usados para o bem comum, e ele aplica seu dinheiro em nobres causas.



O outro sujeito é ambicioso, mas comedido, prosperou na vida e sempre andou dentro da linha, porém não soube dar educação nem para os filhos. Estes se afundaram no mundo das drogas, quase nunca estão aptos ao trabalho pesado, e comumente são acometidos por atos de violência.

Ahhh! Então, aqui podemos dizer como nas estrofes bíblicas: “Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Pelos seus frutos os conhecereis” (Mateus, 7).

Vocês percebem como no exemplo a ganância se justifica? Aqui podemos dizer que “o fim justifica os meios”!

O fim justifica os meios ou Os fins justificam os meios é uma frase que representa o maquiavelismo e quer significar que os governantes e outros poderes devem estar acima da ética e moral dominante para alcançar seus objetivos ou realizar seus planos.

Novamente aqui temos um Q pejorativo no maquiavelismo. Em sua principal obra, "O Príncipe", Nicolau Maquiavel, cria um verdadeiro "Manual de Política", sendo interpretado de várias formas, principalmente de maneira injusta e pejorativa; o autor e suas obras passaram a ser vistos como perniciosos, sendo forjada a expressão "os fins justificam os meios".

Todavia, não devemos nos deixar guiar pelas interpretações preconceituosas, devemos sim nos distanciar do assunto e focar na questão das causas, pois o livro foi escrito em outras épocas e em momentos de guerra.  

Para concluir, vejamos o que diz outro pensador sobre o mesmo assunto:

Max Weber, economista e sociólogo alemão, no início do século XX, busca desenvolver uma ética que leve em conta suas possíveis consequências práticas, principalmente na esfera política. Para isto ele teoriza duas éticas: uma da convicção e outra da responsabilidade, as quais dizem:

Ética da convicção se refere às ações morais individuais, praticadas independentemente dos resultados a serem alcançados. Ética da responsabilidade é a moral de grupo, das decisões tomadas pelo governante para o bem-estar geral, ainda que pareçam erradas aos olhos da moral individual.


Ou seja, quando se trata de grupo, as convicções não devem ser as mesmas que as aplicadas a um único indivíduo, pois o que é bom para mim pode não ser bom para o outro. Quando se pensa no conjunto é necessário adotar medidas que contemplem o todo, e algumas vezes a moral vigente não contempla o todo, aqui caberia ao governante adotar a ética da responsabilidade. 


Fim!



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