CRÔNICA

Presa ou pressa?

A pessoa tem consciência do que consome?

No meu tempo, em Belo Horizonte, as pessoas frequentavam Torre Eiffel, hoje  Mcdonald's.

O que mudou de lá pra cá?

Antigamente, aqui, se frequentava as salas de cinemas Palladium, Cine Brasil, Cine Pathé, etc. Hoje cinema é sinônimo de Shopping Centers.

E-mail era página de caderno envelopado e postado no correio. Celular era orelhão. Cd era fita cassete e vinil. Dvd,  fita VHS. O Fusquinha virou FIAT UNO. A biblioteca foi substituída pela internet. Walkman agora é Ipod.

Maquina de escrever já nem mais existe... Se existe só como objeto de decoração. Hoje o que se usa são microcomputadores, cada vez mais descartáveis (temos que correr para atualizá-los, senão ficamos para trás).

As rodas de bate papo, de antes, foram substituídas pelas redes sociais.

E a pergunta que não quer calar: O que mudou de lá pra cá?

Eu digo: - O tempo!

Hoje temos pressa, muita pressa! Até os cursos universitários estão mais curtos. Não se encontra tempo para nada e temos ânsia de consumir tudo. Até as pessoas, hoje em dia, são descartáveis. Poucos são os casamentos: “até que a morte os separe”.

Horas de sono? Que horas de sono o quê?  Tenho pressa!

A infância está cada vez mais envelhecida. As crianças de hoje perderam inocência.

Até a morte está com pressa: não damos tempo nem para o corpo a se decompor. Não! Os crematórios estão cada vez mais em voga!

Não há tempo e estamos presos ao dinheiro: precisamos fazê-lo girar.

Qual criança que ainda hoje, como eu, nadou em rios de águas claras? Não, hoje o que querem são banheiras de hidromassagem.

Consumimos mais e destruímos mais! Sim a indústria trouxe consigo um rastro de poluição.

O que mudou de lá pra cá?

Tudo e nada! Oras estamos mais apressados, mais estressados, todavia o conceito de tudo o que fazemos é o mesmo.

Continuamos: comemos lanches, assistimos filmes, nos correspondemos por meio de cartas (ainda que virtuais), ouvimos música, batemos papo (mesmo à distância), andamos de carro (ainda que em trânsito cada vez mais engarrafado),etc.

Conquanto: temos mais pressa!

A quantidade tomou o lugar da qualidade: estou preso, minha pressa!