RESENHA CRÍTICA DO FILME: O LEOPARDO

TUDO DEVE MUDAR PARA QUE TUDO FIQUE COMO ESTÁ!

Um país deve evoluir para o bem do todos!




Luta de classes, revoluções, e a unificação de um país... Esse é o enredo de...

O Leopardo (original: Il Gattopardo) é um premiado filme de 1963 do diretor italiano Luchino Visconti, baseado no romance homônimo, traduzido de Il gattopardo, escrito por Giuseppe Tomasi di Lampedusa. Estrelado por Burt Lancaster, Claudia Cardinale, Alain Delon e Mario Girotti (Terence Hill) entre outros, o filme foi o vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, no ano de seu lançamento.


O filme, sob a direção do milanês Luchino Visconti (1906-1976), recria a atmosfera vivida nos palácios da aristocracia durante o conturbado reinado de Francisco II das Duas Sicílias e o Risorgimento - longo processo de unificação dos Estados autônomos que originaram o Reino de Itália, em 1870. O cenário político italiano é reconstituído com o intuito de interferir em dilemas dos personagens ficcionais. Trata-se de uma adaptação do romance homônimo de Giuseppe Tomasi di Lampedusa (1896-1957), publicado postumamente, que usa a queda da monarquia de Bourbon no Reino das Duas Sicílias e sua anexação ao da Alta Itália, governado pela dinastia Saboia.

Para entender o filme precisamos entender primeiro alguns conceitos políticos...

Luta de classes, refere-se a um fenômeno social de tensão ou antagonismo que existe entre pessoas de diferentes classes sociais devido aos competitivos interesses socioeconômicos, dando forma a um conflito que se expressa nos campos econômico, ideológico e político. A visão de que a luta de classes fornece a alavanca para mudanças sociais radicais para a maioria, é fundamental nos trabalhos de Karl Marx e do anarquista Mikhail Bakunin. 

O conflito de classes pode assumir muitas formas diferentes: violência direta, como guerras travadas por recursos e mão de obra barata; violência indireta, como mortes por pobreza, fome, doença ou condições de trabalho inseguras; coerção, como a ameaça de perda de empregos ou suspensão de investimentos importantes; ou ideologicamente, como livros e artigos. Além disso, existem formas políticas de conflito de classe; legalmente ou ilegalmente pressionando ou subornando líderes governamentais para a aprovação de legislação partidária desejável, incluindo leis trabalhistas, códigos fiscais, leis do consumidor, atos de congressos ou outras sanções, injunções ou tarifas. O conflito pode ser direto, como com um locaute destinado a destruir um sindicato, ou indireto, como com uma desaceleração informal na produção como forma de protesto contra os baixos salários dos trabalhadores ou uso práticas trabalhistas injustas pelo capital. 

Na Itália do O Leopardo, a luta de classes culminou numa revolução que se chamou Risorgimento - longo processo de unificação dos Estados autônomos que originaram o Reino de Itália, em 1870...

Mas, o que é uma revolução?  Revolução (do latim revolutìo,ónis, "ato de revolver") é uma mudança abrupta no poder político ou na organização estrutural de uma sociedade que ocorre em um período relativamente curto de tempo. O termo é igualmente apropriado para descrever mudanças rápidas e profundas nos campos científico-tecnológico, econômico e comportamental humano. 

Algo deve mudar para que tudo continue como está... citação de Il Gattopardo (O Leopardo) sobre a decadência da aristocracia siciliana durante o Risorgimento. A única mudança permitida é aquela sugerida pelo príncipe de Falconeri: tudo deve mudar para que tudo fique como está, frase amplamente divulgada em todo o mundo.

O que mudou na Itália foi que a aristocracia católica falida se aliou aos poderosos e endinheirados burgueses da ocasião... e assim manteve-se no poder... O filme ilustra essa aliança, por meio do casamento do aristocrata Tancredi (Alain Delon) com a burguesa Angélica (Cláudia Cardinale). 

Na Itália a revolução foi debaixo para cima, pois eram os aristocratas intelectuais que estavam na base. O pais se uniu sob aliança da aristocracia elitista e uma burguesia que já era mesclada com o proletariado camponês... Observe no filme que a mãe de Angélica era uma camponesa que havia se casado com um burguês... O casamento entre classes foi uma espécie de pontapé para o desenvolvimento do pais, unindo desavenças ancestrais... Uma Itália dividida e em guerra finalmente foi unida pelo amor!   

Assim tudo mudou, mas foi a aristocracia que continuou com sua hegemonia sócio-cultural perante as demais classes sociais... O que é hegemonia? 
 
Em história política, hegemonia é a supremacia (superioridade) de um povo sobre outros, ou seja através da introdução de sua cultura ou por meios militares. Ou seja, na Itália do Risorgimento a aristocracia continuou mandando. Mas, nessa Itália unida, todos subiram de classe, a aristocracia ganhando o seu dinheiro que estava nas mãos dos burgueses e a burguesia/proletariado camponês ganhando educação dos aristocratas. 




À Luz de ...

Antonio Gramsci (Ales, 22 de janeiro de 1891 — Roma, 27 de abril de 1937) foi um filósofo marxista, jornalista, crítico literário e político italiano.

A hegemonia na história italiana

O partido político mais avançado foi o Partido da Acção, de Mazzini e Garibaldi, que não teve, todavia, a capacidade de pleitear uma aliança das forças burguesas progressistas com o campesinato: Garibaldi na Sicília distribuiu as terras entre os camponeses, porém os próprios garibaldinos esmagaram sem piedade os movimentos de insurreição dos campesinos contra os barões da terra. 

O Partido da Acção desempenhou um papel de elemento progressista nas labutas do Risorgimento, mas não de força dirigente, porque foi liderado pelos moderados, tanto que os cavourianos conseguiram encabeçar a revolução burguesa, absorvendo tanto os radicais como os adversários destes. Isto ocorreu porque os moderados cavourianos mantiveram uma relação orgânica assim com seus intelectuais, como com seus políticos, proprietários rurais e dirigentes industriais. Mas, os moderados cavourianos já tinham alianças com o proletariado camponês! Os burgueses moderados é que se aliaram ao proletariado e não os comunistas Garibaldinos!

As massas populares tiveram papel de espectadores no acordo entre os capitalistas do norte e os latifundiários do sul. Para conquistar a hegemonia no lugar dos moderados, liderados por Cavour, o Partido da Acção deveria ter-se "ligado às massas rurais, especialmente as do sul, ser jacobino [.] especialmente no conteúdo econômico-social. A união das várias classes rurais em um bloco reacionário, através de diversos núcleos intelectuais legitimistas-clericais (intelectuais "tradicionais"), poderia ser dissolvida pelo advento de uma nova formação liberal-nacional, somente se se fizessem esforços voltados para duas frentes: para a base camponesa, aceitando suas reivindicações, e, segundo, para os intelectuais dos estratos meios e inferiores."
 
A supremacia de um grupo social se manifesta por dois modos: primeiro, pelo domínio e, segundo, pela direção intelectual e moral. Um grupo social domina os grupos adversários que tenda liquidar ou a submeter inclusive com a força armada e dirige os grupos afins e aliados. Um grupo social pode e deve ser dirigente antes de conquistar o poder governamental: esta, aliás, é uma das condições principais para a própria conquista do poder. Posteriormente, quando exerce o poder, torna-se dominante, mas deve continuar sendo dirigente também. 

Analisando o processo do Risorgimento, Gramsci considera que a função de classe dirigente ficou com o Piemonte, ainda que existissem na Itália núcleos de classe dirigente favoráveis à unificação, "estes núcleos nada queriam dirigir, isto é, não queriam conciliar seus interesses e aspirações com os de outros grupos. Queriam dominar, não dirigir e, todavia, queriam que seus interesses prevalecessem, não suas próprias pessoas, isto é, queriam que uma força nova, independente de todo compromisso e condição, se tornasse árbitra da Nação: esta força foi Piemonte", que teve uma função comparável a de um partido. 

"Este fato é da máxima importância para o conceito de revolução passiva, pois não foi um grupo social o dirigente de outros grupos, sim um estado, ao mesmo tempo limitado como potência e dirigente do grupo que deveria ser dirigente e pudesse pela disposição deste um exército e uma força político-diplomática... É um dos casos nos quais se tem a função de domínio e não de direção destes grupos, ditadura sem hegemonia." 

Revolução passiva é um termo cunhado pelo político, filósofo e dirigente comunista italiano Antonio Gramsci durante o período entreguerras na Itália. Gramsci cunhou o termo para se referir a uma mudança significativa não abrupta, mas uma metamorfose lenta e gradual que pode levar anos ou gerações para se realizar.

Revolução passiva na Itália se deu por meio de casamento entre classes sociais, a aristocracia falida se casa com a burguesia endinheirada... todos subiram de classe, a aristocracia mais rápido porque ganhou dinheiro, a burguesia e proletariado mais lentamente adquirindo educação! 

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