FILOSOFIA
De Cidadão a Código: O Risco de Ser Apenas um Algoritmo na Era da Dignidade
A Dignidade Humana transcende a mera definição legal; ela é o princípio ético-filosófico que confere a cada indivíduo um valor absoluto e inegociável. Essa verdade fundamental exige que o ser humano seja sempre tratado com profundo respeito, independentemente de qualquer circunstância.
Na atualidade, o ser humano é considerado um algoritmo para muitas empresas e políticos. Isso afeta diretamente a dignidade humana. Não somos meros objetos para alcançar fins inescrupulosos. A redução do indivíduo a um conjunto de dados, a um consumidor-alvo ou a uma unidade de produção na busca incessante por otimização, lucro ou poder, constitui uma grave ameaça à nossa essência. Quando somos instrumentalizados, nosso valor absoluto é corroído pelo utilitarismo, desrespeitando o princípio filosófico que nos define — o de sermos fins em si mesmos. A luta pela dignidade, hoje, é essencialmente uma luta pela não-objetificação na era da tecnologia e da política.
Este princípio fundamental encontra sua expressão mais clara na ética de Immanuel Kant, que diferencia o valor absoluto da dignidade (que não tem preço) do valor relativo das coisas. A dignidade humana reside na autonomia e na racionalidade do indivíduo, exigindo que ele seja sempre tratado com respeito incondicional, jamais como um mero meio.
Enquanto seres humanos, a dignidade se traduz na exigência de condições mínimas de vida e na liberdade de autogoverno. Temos direitos humanos e deveres civis a cumprir. A dignidade humana garante um mínimo invulnerável de direitos e condições que assegurem uma vida digna, como o direito à vida, à liberdade, à segurança, à saúde, à educação e a condições básicas de sobrevivência. Além disso, inclui o direito à autonomia e à autodeterminação consciente e responsável da própria vida, permitindo que o indivíduo faça suas escolhas e elabore seus projetos de vida.
Contudo, a dignidade não é um conceito isolado; ela existe na relação com o outro. Todavia, em sociedade, temos leis a seguir. Não se pode abrir mão de uma conduta ética e moral visando o bem da sociedade. O exercício da autonomia e dos direitos individuais deve encontrar limites no dever de preservar a ordem justa e o respeito mútuo. A violação desses direitos essenciais e o descumprimento dos deveres que garantem a convivência ética interferem diretamente no cerne da dignidade humana, seja através da objetificação promovida por sistemas, seja pela conduta individual irresponsável. A dignidade é, portanto, um projeto ético-social contínuo.

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