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POLÍTICA

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 Utopia, Literatura e Política: A Ilha Desconhecida de Saramago e a Construção Social em Contagem (MG) A utopia , frequentemente entendida como sonho distante ou ideal inalcançável, ganha nova força quando revisitada por José Saramago em O Conto da Ilha Desconhecida . Na narrativa, a utopia não é um lugar perfeito, mas um impulso transformador que move indivíduos e coletividades. Essa perspectiva simbólica encontra eco nas práticas políticas de Marília Campos , prefeita de Contagem (MG), e de seu marido, o economista José Prata Araújo , cuja atuação se apoia na esperança de construir realidades mais humanas, inclusivas e participativas. No conto, a ilha desconhecida representa a capacidade humana de desejar algo que ainda não existe, de buscar novos rumos mesmo quando o mundo parece completamente mapeado. A utopia aparece como movimento e não como chegada: é a disposição de acreditar que a realidade pode ser ampliada, renovada e reinventada. A aventura do protagonista revela que ...

POLÍTICA

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 O Paradoxo do Poder: Lula, Il Gattopardo e a Revolução Passiva de Gramsci A ascensão de Luiz Inácio Lula da Silva , de líder sindical a presidente da República, alinha-se de forma notável à máxima do romance Il Gattopardo (O Leopardo) escrito por Giuseppe Tomasi di Lampedusa , um autor italiano : "Se queremos que tudo permaneça como está, é preciso que tudo mude." Essa coincidência é o cerne da análise, à luz do conceito gramsciano de Revolução Passiva . A trajetória de Lula e do PT foi um triunfo da Guerra de Posição travada na Sociedade Civil . Foi um processo longo de construção de uma contra-hegemonia onde Lula, como intelectual orgânico , deu consciência política e organização à base ( classes subalternas ). A vitória eleitoral de 2002 marcou a conquista da Sociedade Política ( o Estado ), representando a "grande mudança" no cenário político brasileiro. Contudo, para governar, a máxima do Gattopardo se impôs. A elite brasileira, tal como a aristocracia ...

RELIGIÃO

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  Jesus, o “plebeu de sangue azul” que redefiniu a ideia de nobreza Na tradição cristã, poucas figuras carregam contrastes tão marcantes quanto Jesus de Nazaré. Descrito pelos evangelhos como descendente direto do rei Davi , ele possuiria uma linhagem de prestígio que, em qualquer contexto histórico, seria associada à nobreza. No entanto, sua vida concreta percorreu caminho oposto: nascera numa família pobre, cresceu na pequena e periférica Nazaré e exerceu o ofício manual de carpinteiro . Essa combinação improvável — origem simbólica elevada e condições materiais humildes — ajuda a explicar por que estudiosos e fieis frequentemente recorrem a expressões paradoxais para defini-lo. Entre elas, a imagem de Jesus como um “ plebeu de sangue azul ” tem ganhado espaço por traduzir, de forma simples, a complexidade histórica e espiritual que sua biografia carrega. No ambiente político e social do primeiro século, a linhagem davídica já não conferia privilégios reais. Ainda assim, po...

FILOSOFIA

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 O Efêmero e o Esgotamento: Um Ensaio sobre a Beleza Hedônica O conceito de beleza hedônica reside na intersecção entre a estética e a filosofia do prazer . Se o Hedonismo , em sua forma mais pura, define o prazer como o bem supremo e a única finalidade da vida, a beleza hedônica é, portanto, aquela cuja principal função e valor se encontram na gratificação sensorial , imediata e egoísta do observador. Ela é a beleza que exige ser consumida, e seu significado dura apenas o tempo do deleite. A sociedade contemporânea vive uma exaltação desta beleza. Impulsionada pela cultura do consumo e pela vertiginosa sucessão de imagens nas redes sociais, o valor de algo — seja um produto, uma experiência ou mesmo um indivíduo — é medido pela sua capacidade de provocar uma reação instantânea de prazer ou desejo. Esta não é a beleza contemplativa , que convida à reflexão e à permanência, mas sim a beleza do flash, a beleza da novidade efêmera. O Custo da Imortalidade em Pílulas de Prazer Em sua ...

FILOSOFIA

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 De Cidadão a Código: O Risco de Ser Apenas um Algoritmo na Era da Dignidade A Dignidade Humana transcende a mera definição legal; ela é o princípio ético-filosófico que confere a cada indivíduo um valor absoluto e inegociável. Essa verdade fundamental exige que o ser humano seja sempre tratado com profundo respeito, independentemente de qualquer circunstância. Na atualidade, o ser humano é considerado um algoritmo para muitas empresas e políticos. Isso afeta diretamente a dignidade humana. Não somos meros objetos para alcançar fins inescrupulosos. A redução do indivíduo a um conjunto de dados, a um consumidor-alvo ou a uma unidade de produção na busca incessante por otimização, lucro ou poder, constitui uma grave ameaça à nossa essência. Quando somos instrumentalizados, nosso valor absoluto é corroído pelo utilitarismo, desrespeitando o princípio filosófico que nos define — o de sermos fins em si mesmos . A luta pela dignidade, hoje, é essencialmente uma luta pela não-objetific...

FILOSOFIA

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  A Brevidade da Vida e a Urgência da Qualidade A brevidade da vida é uma verdade inegável que, ao invés de nos paralisar, deve nos impulsionar a buscar a urgência de viver uma vida com qualidade . Contudo, o conceito de "qualidade de vida" é um construto profundamente pessoal e subjetivo . O que para uma pessoa é o apogeu da existência, para outra pode ser fonte de profundo vazio e desânimo. A sua premissa ilustra bem esse paradoxo: tem gente que viver a vida de forma tranquila e sem estresse , sem ter que trabalhar para ganhar dinheiro, é o paraíso. Mas, para muitos aposentados, essa mesma ausência de obrigações e rotina é motivo de depressão e perda de propósito. Essa dicotomia nos força a ir além de definições superficiais. A verdadeira qualidade de vida não se resume a bens materiais, ócio ou ausência de problemas; ela reside na conexão entre o tempo que temos e o sentido que atribuímos a ele . A ideia da tranquilidade toca no sonho do ócio idealizado. No entanto, a psic...

FILOSOFIA

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  O Sucesso Destrutivo e a Ilusão do Esquecimento Vencer na vida destruindo a vida de muitos. Isso é, de fato, sucesso? A nossa sociedade, fascinada pelo resultado, frequentemente ignora os vestígios da jornada. Mas a ética nos impõe uma pergunta: O que vale um pódio alcançado sobre os escombros de reputações e sonhos alheios? Há aqueles cuja ambição se manifesta como uma doença da alma. Não suportam o brilho do outro ; na verdade, veem esse brilho como uma ameaça à sua própria luz frágil. Fazem de tudo para apagá-lo: manipulam, depreciam, sabotam. O indivíduo, consumido pela inveja e pela falta, está sempre a cobiçar o que é do outro, seja a posição, o reconhecimento ou o mérito. Ele não busca a própria ascensão, mas sim o nivelamento por baixo . E, então, ele "vence" na vida. Chega ao topo. Por um tempo, vive a ilusão de ter apagado os vestígios dos infortúnios que provocou. Ele veste a capa do sucesso, usa o dinheiro como cortina de fumaça e espera que a sociedade, ou a...